Sofrência indie rock

Oh I wish I was special… You’re so fucking special… But I’m a creep. I’m a weirdo.

Ele(a) não me ama… Na verdade ele(a) nem lembra que eu existo… Eu nunca serei bom o suficiente para ele(a)… Ele(a) jamais vai me notar, jamais vai se interessar por alguém como eu… Buáááááááá… 

Tá na sofrência porque a pessoa que você gosta nunca nem olhou na sua cara?

Se acha esquisitão demais para aquela pessoa incrível que você quer?

Já se sentiu como o cara da música Creep?

Aqui vai uma seleção com roqueiros que também sofrem por amores platônicos e/ou não correspondidos. Enjoy your fossa, mas não por muito tempo… Quando acabar a playlist, erga a cabeça e levante essa autoestima, que a vida segue e o tempo é curto demais para chorar por quem não te quer.

Juiz cita verso de música com palavrão para absolver réu por desacato: ‘Fuck you’

Fonte da imagem: Jornal Extra
Fonte da imagem: Jornal Extra

O juiz André Vaz Porto Silva, titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de Barra Mansa, no Sul do Estado do Rio, se inspirou numa música da banda de rap-metal americana Rage Against The Machine, conhecida por suas letras de protesto, para absolver um réu dos crimes de desacato e desobediência. Na epígrafe — frase geralmente usada no início de um livro para resumir ou situar o leitor — da decisão, o magistrado escreveu: “Fuck you / I won’t do what you tell me” (Foda-se, não vou fazer o que você manda, em tradução livre).

Na ocasião, o réu Welington André Ferreira era acusado por dois policiais de “ter se recusado a obedecer ordem dos PMs no sentido de encostar na parede para ser revistado, e por tê-los desacatado ao dizer ‘vão se foder, eu conheço meus direitos, vão tomar no cu, seus filhos da puta’”.

O juiz não se convenceu com os depoimentos dos PMs, que, segundo ele, apresentava inconsistências. “Constato que a ordem emanada dos policiais — para que o acusado assentisse com sua revista pessoal — revestiu-se de duvidosa legalidade”, escreveu o magistrado, para depois completar: “Regras corruptas não merecem obediência”.

André Vaz Porto Silva ainda cita na decisão um informe da Comissão Americana de Direitos Humanos (CADH) e alega que a tipificação de crime de desacato “viola a liberdade de expressão tutelada pela CADH” para, em seguida, finalizar: “faz-se mister afastarmos de nosso jardim os obstáculos que impedem o sol e a água de fertilizar a terra, pois logo surgirão plantas de cuja existência eu sequer suspeitava”.

Réu já foi condenado por tráfico

O réu absolvido pelo magistrado de Barra Mansa já havia sido condenado pelo crime de tráfico de drogas na mesma comarca. Em 2008, Welington André Ferreira foi condenado a seis anos e seis meses de prisão, após ser preso tentando vender cocaína para dois compradores no município do Sul Fluminense. Quando foi preso por dois policiais, Welington ainda tentou fugir e jogar fora os sacos com cocaína.

Em depoimento na delegacia, Welington alegou que foi vítima de um “flagrante forjado”: “antes da abordagem, os policiais teriam ido até uma bolsa e lá teriam pego a droga que está acusando o depoente como sendo o seu dono; que é usuário de cocaína; que no dia dos fatos tinha usado droga, mas não tinha nenhuma em seu poder”, afirmou. Entretanto, a tese não foi aceita em juízo.

Na decisão de agosto, o magistrado argumentou que as abordagens policiais têm motivações “racistas e classistas”: “essa espécie de procedimento, como informam as próprias regras de experiência, marcam o dia a dia da atividade policial, visto materializarem a incidência seletiva do sistema penal em termos de criminalização secundária por seus critérios tipicamente racistas e classistas”.

Fonte da notícia: Página do teólogo e pesquisador Wagner Francesco no site Jusbrasil

O que você achou da posição do Juiz em sua sentença?


Não se esqueça de citar o autor ou intérprete da canção escolhida ou o autor do texto encontrado aqui se for citá-los em seus trabalhos escolares, artigos, pesquisas ou qualquer produção escrita em que o nome das músicas for citada! Dê os devidos créditos aos criadores das obras.  🙂

Sobre consentimento: a letra da música “What do you mean” de Justin Bieber é alvo de Lena Dunham

Matéria escrita por Jeff Benjamin, originalmente publicada no site Fuse. Tradução por Ana Clara Alves Ribeiro.

Embora muitos tenham adorado o som tropical da música “What do you mean” de Justin Bieber, Lena Dunham tem um problema com a letra.

A criadora e estrela do seriado Girls expressou no Twitter a sua desaprovação com a letra da música, aparentemente sugerindo que versos como “O que você quer dizer? / Quando você acena que sim com a cabeça, mas quer dizer não / O que você quer dizer?” são problemáticos, ao estilo de “Blurred lines” de Robin Thicke.

Lena Dunham no Twitter: Vamos parar com essas letras de música nas quais a garota diz que sim quando quer dizer não, e vice versa, tudo bem?

Desde o seu lançamento, “What do you mean” provocou uma discussão sobre consentimento. A Seventeen apontou tanto o lado consensual quanto problemático da letra, enquanto a MTV celebrou a canção como um “hino do consentimento”. Franchesca Ramsey, apresentadora da websérie Decoded, da MTV News, colocou desta forma:

Primeiramente eu fiquei tipo: ‘Oh, isso é uma Blurred Lines 2.0? Mas depois de ouvir a letra, é exatamente o contrário. ‘Blurred Lines’ é algo como: ‘Você é uma boa garota, mas eu sei que você quer’, enquanto ‘What do you mean’ é algo do tipo ‘Ei, tá tudo bem? Porque parece que você tá a fim de mim mas agora você não tá dizendo que quer, e eu quero ter certeza de que você tá confortável’. Então, essencialmente, é uma música sobre consentimento. E isso é legal.


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Música pop, garotas adolescentes e a legitimidade das bases de fãs

One Direction

(Texto escrito por Brodie Lancaster e originalmente publicado no site Pitchfork, em 27.08.2015. Tradução por Ana Clara Ribeiro)

Não existe maior crime cultural que uma jovem garota possa cometer do que amar música pop sem desculpas. Para sempre marginalizada como a Beatlemaníaca, Directioner ou Swiftie gritante e chorona, as bases de fãs adolescentes femininas em 2015 estão mais poderosas e dignas de respeito do que nunca. Blogs, fóruns de fãs e outras comunidades online são refúgios para fãs dissecarem cada tweet ou performance que seus ídolos oferecem, e esses espaços são geralmente liderados por garotas. Elas exercem sua adoração coletivamente, exaltam os ídolos em mútua compreensão, e celebram tanto as bandas que adoram quanto umas às outras. Em espaços dominados por fãs, garotas adolescentes são as principais autoridades.

Mas seu poder tem data de validade, porque artistas pop só ganham respeito quando param de apelar para a demografia juvenil. Justin Timberlake e Beyoncé são duas das mais proeminentes faces disso e são provas da ideia de que há legitimidade e longevidade aguardando os artistas pop quando eles trocam seus prêmios Teen Choice por Grammys. É uma ideia tão prevalente que nós começamos a nos perguntar quem, nos novos grupos pop, será aquele que “vai dar uma de Timberlake” e deixar o grupo para tentar um sucesso respeitável. Aparentemente, as boy bands e girl groups – para não mencionar seus apaixonados fãs – que tornaram esses artistas famosos só possuem valor quando servem de trampolim para o próximo e melhor grupo de ouvintes. Eles são ensinados: largue as castas canções pop sobre amor não correspondido e sobre mãos dadas; e assim eles seguem para o tipo certo de fãs: adultos, homens. É assim que alguém se torna um artista, certo?

É ótimo que o quinto álbum de Taylor Swift, 1989, revelou-a para um novo e inesperado público, tornando o álbum popular entre antigos adultos avessos a Taylor, e proveu ao Saturday Night Live um momento para abordar a crise de identidade que sérios ouvintes de música viveram quando se descobriram gostando dela depois de anos recusando-se a ouvir seus trabalhos. Mas as garotas que passaram uma década inteira pendurada em cada palavra de Taylor Swift, acompanhando seu crescimento emocional e progressão musical através de blogs do Tumblr, não estavam esperando esse tipo de aprovação. Para levar Taylor a sério elas não precisavam de permissão vinda de uma review positiva feita a contragosto por um crítico de música, pois já a levavam à sério desde o começo.

Música pop é fundamentalmente baseada em fãs, e quando dizemos coisas como “fama gera louvor“, estamos ignorando um ponto: fama gera louvor sim, exceto quando essa fama é alimentada por uma fanbase (base de fãs) composta por jovens garotas. Quando a fama é guiada por uma abarrotada base de fãs meninas adolescentes imediatamente a fama é considerada falsa, temporária ou não merecida. Estamos sempre tentando encontrar uma razão para desconsiderar o valor de um produto popular – e populista – porque abraçá-lo cegamente significa que caímos na armadilha das pesquisas de mercado e das figuras do tipo Simon Cowell. A presença de garotas adolescentes oferece um barômetro útil: se elas gostam de algo, você pode ter a certeza de que esse algo não vale a atenção de um ouvinte de música sério.

Um ano antes de fazerem uma turnê de apoio aos Rolling Stones, a banda pop (influenciada pelo funk) de Manchester, The 1975, sequer lotava os pubs da sua cidade natal. E enquanto as eventuais e importantes bênçãos de gatekeepers como Zane Lowe e o jornal The Guardian ajudaram a banda com nichos menores, não foram os críticos que lotaram seus shows no Royal Albert Hall em questão de minutos. Foi a dedicada legião de jovens garotas, fãs da banda, que levou a The 1975 a deixar de ser uma banda local para se tornar pilar de grandes festivais, com mais turnês internacionais lotadas do que álbuns lançados.

Apesar da paixão e dedicação dos apoiadores da sua banda, o líder da The 1975 Matthew Healy é cuidadoso ao falar da mercurial ascensão da banda e de quem causou isso. “O que qualifica uma boy band, afinal? Se é a histeria da população de fãs do gênero feminino e ser cercado por elas em hotéis e fazer shows para casas lotadas, então nós somos uma boy band“, ele disse em 2014. Desde então ele tem distanciado a banda desta designação; fãs do gênero feminino são vistas como menos legítimas, logo, a adoração delas é um instantâneo destruidor de credibilidade.

O ponto crucial da ilegitimidade de garotas adolescentes é a presunção de que elas são incapazes de possuir o pensamento crítico que os seus homólogos masculinos e mais velhos possuem no que diz respeito às suas bandas favoritas. Mas essa presunção realiza um verdadeiro desserviço.

Recentemente neste ano de 2015, fãs do One Direction se uniram para chamar a atenção para a faixa “No control”, do álbum de 2014 “Four”, que as fãs acreditavam que mereciam mais atenção do que outros singles açucarados que eles haviam lançado até agora. “Em vez de músicas que mostrariam a maturidade e o crescimento no som do 1D [abreviação de One Direction], nós tivemos ‘Steal my girl’ e ‘Night changes'”, diz Lynn Martineau, uma das três fãs creditadas no lançamento de “Projeto: No control” no Thunderclap, uma plataforma no estilo flashmob criada para reunir e amplificar mensagens de campanhas pelas mídias sociais. “São duas ótimas canções, mas são estereotipadas e soam exatamente como o estilo ‘música pop de boyband‘ que o 1D sempre lançou”.

As fãs sempre quiseram mais, e quando o 1D anuncionou que os próximos singles seriam lançados após a saída do integrante Zayn Malik em abril, elas decidiram que iriam fazer valer seu poder. E valeu a pena.

“‘Projeto: No control’ é a quinta maior campanha da história da plataforma Thunderclap, e a única no Top 5 do Ranking que não obteve o apoio de uma celebridade ou patrocinador”, diz Lynn, antes de despejar algumas estatísticas impressionantes: “O objetivo original era ter 500 apoiadores, depois o objetivo passou a ser ter a canção incluída no setlist da banda”. O projeto obteve 34.449 apoiadores depois de seis dias, e o One Direction cantou a música “No control” pela primeira vez em junho, em uma show em Bruxelas. No início de agosto de 2015, Lynn a viu ao vivo quando a banda trouxe a turnê On The Raid Again à cidade Baltimore.

Em maio de 2015, a Billboard relatou que a faixa obteve 1 milhão de streams nos Estados Unidos na semana que terminou em 17 de maio, e as vendas foram de 1.674 por cento a 5.000 downloads. A banda falou do projeto no Billboard Music Awards e durante a sua apresentação no programa The Late Late Show. Na semana passada (16.08.15), “No control” rendeu à banda um Teens Choice Awards por Melhor Canção Festiva. Tudo isso porque uma base de fãs apaixonada e predominantemente feminina foi observadora o suficiente para identificar: a) que a reputação crítica da banda não iria mudar por si só; b) a amplificação necessária para lançar uma nova faixa.

Elas não queriam apenas consumir a música da banda; elas queriam controlar o que estava no menu. “Fãs começaram a dar de presente a música no iTunes, e tweetar sobre ela constantemente. Elas vieram com listas de estações de rádio para ligar e tweetar”, explica Lynn. Elas jogavam a música no Shazam e a tocavam loucamente no Spotify, vendo-a subir 1.348 posições na parada do iTunes em apenas dois dias. Nick Grimshaw, apresentador do programa Breakfast Show da BBC Radio 1, disse que esse esforço era como ver “o movimento punk todo outra vez; lançamentos do tipo faça você mesmo“. “Tudo isso porque uma estudante universitária de Londres chamada Anna falou aos seus seguidores do Tumblr como seria ótimo se a base de fãs se unisse por um objetivo central, em uma postagem agora legendária que foi marcada como #desculpe é só uma ideia boba achei que poderia ser legal.

“Ao caçoar dessas garotas e rir de quão estúpidas são as coisas que elas gostam sejam lá quais forem, estamos dizendo que essas jovens mulheres e seus interesses são menos importantes do que o que os homens gostam”, escreveu Sandra Song na Pitchfork anteriormente nesse ano de 2015, e que “seus sentimentos são de alguma forma descreditados e não são ‘reais’ devido à pessoa que os sentem”.

O senso comum sobre fãs do gênero feminino é que elas são consumidoras rápidas, ansiosas por engolir qualquer coisa que surgir sobre as bandas. Elas estão ativamente desafiando essa percepção em seus próprios termos, mas estão fazendo isso em suas esferas fechadas, longe do barulho branco do mundo que presume que elas não apreciam – ou não são capazes de apreciar – música pelos “motivos certos”. Nessas comunidades seguras, seus gostos não são irônicos ou irrelevantes, e elas não ganham pontos de credibilidade por darem minutos de fama a um artista pop.

“Nós estamos todos nesse segredo”, escreveu certa vez a  crítica Hazel Cills sobre Lana del Rey. “A ideia de que pop stars não possuem equipes por trás deles, de que eles são os únicos autores de suas músicas, de que não há ninguém personalizando seus estilos – estas são noções antiquadas em 2015.”

As fãs sabem o que acontece por trás das câmeras para seus artistas preferidos, assim como sabem que são notadas. Mas o que você não notará a menos que preste muitas atenção, é que as fãs conseguem se envolver criticamente com o que a música “Girl Almighty” (do One Direction) fala sobre elas com as mesma prontidão com que conseguem se esgoelar pelo rosto adorável de Niall Horan ou um momento especial na música “Better than words”. Presumir que as fãs estão comprando álbuns, indo a shows, desenvolvendo universos elaborados nas fanfictions que escrevem, cultivando debates inclusivos, fazendo todas essas coisas simplesmente por fazer, não dá a elas um nível de crédito nem próximo do que elas já mostraram que merecem.


Não se esqueça de citar o autor ou intérprete da canção escolhida ou o autor do texto encontrado aqui se for citá-los em seus trabalhos escolares, artigos, pesquisas ou qualquer produção escrita em que o nome das músicas for citada! Dê os devidos créditos aos criadores das obras.  🙂

A música nas aulas de Português

(Texto de autoria de Dilson Catarino, originalmente publicado no link http://dilsoncatarino.blogspot.com.br/2006/09/msica-nas-aulas-de-portugus.html)

Não existe um projeto para se trabalhar a música em sala de aula. A música em sala de aula não é uma disciplina pontual, no sentido de se realizar com exatidão no tempo em que foi combinado, exata, precisa. A música em sala de aula é pura sensibilidade.

O professor deve pesquisar incessantemente, ouvindo todos os dias as músicas que emocionam seus alunos, ou mesmo aquelas que eles ouvem por ouvir, mas que não os emocionam; é o caso das músicas tocadas em rádio, a denominada, por Umberto Eco, música gastronômica, ou seja, música para engolir. Deve também ouvir as músicas de sua época e as músicas brasileiras universais, ou seja, deve ouvir todos os tipos de música para poder trabalhar com elas em sala de aula. Tem de procurar, em cada música, algum aspecto gramatical que possa aproveitar em sua aula, para enriquecer o conteúdo dela.

A cada aula, deve procurar trabalhar com uma música diferente e, a cada ano, renovar o repertório para acompanhar os sucessos e, assim, tocar os alunos. Caso contrário, a música poderá atrapalhar o trabalho do professor, pois pode transformar-se, para os alunos, em mais um trabalho cansativo, maçante. Passará a ser interessante para os jovens quando o for para o professor. Se este pesquisar de fato, mostrará energia, vontade, entusiasmo, e aqueles se contaminarão e julgarão o trabalho edificante.

Peguemos, como exemplo, a música Eternas Ondas, de Zé Ramalho que diz Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas. Como ficaria a letra caso invertêssemos os termos voltarem e aquelas ondas? A maioria pensaria em responder: Quanto tempo temos antes daquelas ondas voltarem, não é mesmo? Pode até ser, mas não está adequada a frase, pois há inexistência de relação entre sujeito e preposição, ou seja, sujeito jamais pode ser encabeçado por preposição, e o termo aquelas ondas funciona como sujeito do verbo voltar, pois quem volta são as ondas. Quando isso ocorrer, ou seja, quando o sujeito for antecedido de preposição, eles não se aglutinam, por isso, o certo é Quanto tempo temos antes de aquelas ondas voltarem, e aproveito para explicar o uso do infinitivo flexionado: quando o sujeito de um verbo no infinitivo (verbo terminado em ar, er ou ir) estiver no plural e aparecer ao lado do verbo, este terá de ficar também no plural, ou seja, flexionado, por isso voltarem no plural. A tempo: sujeito é o elemento responsável pela ação, praticando-a ou sofrendo-a.

Em sala de aula é a mesma coisa. Deve-se ficar antenado no dia a dia, e, em cada música que ouvir, procurar algo para apresentar aos alunos. Eis alguns exemplos:

Malandragem, de Cazuza e Frejat:

O trecho Quem sabe eu ainda sou uma garotinha tem inadequação quanto ao uso do verbo ser: a expressão Quem sabe indica dúvida, hipótese; sou indica fato certo. A indicação de hipótese é feita por meio do tempo chamado presente do subjuntivo: que eu seja. O adequado, então, é Quem sabe eu ainda seja uma garotinha

Equalize, de Pitty:

O trecho Quando tenta me convencer que eu só fiquei aqui… tem inadequação de regência verbal: o verbo convencer exige a preposição de (Quem convence, convence alguém de algo); o adequado, então, é Quando tenta me convencer de que eu só fiquei aqui…
Também o trecho Porque você sabe o que eu gosto, tem inadequação de regência verbal com pronome relativo: o verbo gostar também exige a preposição de, que deve ser colocada antes do pronome relativo que, por isso o adequado é Você sabe do que gosto.

Me Chama, de Lobão:

Os versos Aonde está você / me telefona / me chama, me chama, me chama têm três inadequações gramaticais:
1) Uso de onde, aonde e donde: onde significa em algum lugar; aonde, a algum lugar e donde, de algum lugar. Como Lobão usa o verbo estar, e quem está, está em algum lugar, o adequado é Onde está você.
2) Não se deve iniciar frase com pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes). O adequado, então é telefona-me / chama-me, chama-me, chama-me.
3) Ordem, pedido ou conselho, por meio de verbo, fazem-se da seguinte maneira: se o interlocutor for tratado pelo pronome tu, coloca-se o verbo diante da seguinte frase: Todos os dias tu… e retira-se a letra s do verbo:

Todos os dias tu me telefonas; retira-se a letra s: telefona-me tu.
Todos os dias tu me chamas; retira-se a letra s: chama-me tu.

Se o interlocutor for tratado pelo pronome você, coloca-se o verbo diante da seguinte frase: Espero que você…, sem retirar letra alguma:

Espero que você me telefone: telefone-me você;
Espero que você me chame: chame-me você.

Os versos de Lobão, então, deveriam ser assim escritos para adequá-los ao padrão culto da língua:

Onde está você / telefone-me / chame-me, chame-me, chame-me. Horrível, convenhamos.

Tenho sede, de Dominguinhos e Anastácia, gravada por Gilberto Gil:

O primeiro verso diz Traga-me um copo d’água, tenho sede, e os últimos, Meu coração só pede o teu amor / Se não me deres posso até morrer. Mais uma inadequação de uso do imperativo: Todos os dias tu trazes; retira-se o s: Traze-me um copo d’água. Espero que você traga: Traga-me um copo d’água. Há, portanto, desuniformidade de tratamento. Ou muda o primeiro verso, aplicando a segunda pessoa, tu: Traze-me, ou muda os dois últimos versos, fazendo os termos concordarem com o pronome você, terceira pessoa: Meu coração só pede o seu amor / Se não me der posso até morrer.

Eu sei que vou te amar, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes:

Quando houver dois verbos, e o último estiver no infinitivo (ar, er, ir), no gerúndio (ndo) ou no particípio (ado, ido), ocorre a formação de uma locução verbal. Estando o verbo no infinitivo, há duas maneiras de se colocar o pronome oblíquo: junto do primeiro verbo e depois do infinitivo. Como antes do primeiro verbo, há a conjunção que, que sempre atrai o pronome oblíquo para perto de si, as colocações possíveis do pronome te são as seguintes:

Eu sei que te vou amar.
Eu sei que vou amar-te. Mais uma vez, horríveis, não é mesmo?

Eu nasci há dez mil anos atrás, de Raul Seixas e Paulo Coelho:

Não se deve usar o verbo haver, que indica tempo decorrido com o advérbio atrás, que também indica tempo decorrido. As adequações, então:

Eu nasci há dez mil anos.
Eu nasci dez mil anos atrás.

Roda Viva, de Chico Buarque de Holanda:

Os primeiros versos dizem Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Essa é uma inadequação extremamente comum nos dias de hoje: o verbo ter usado no sentido de existir. O único verbo que pode substituir existir é o verbo haver. O adequado, então, seria Há dias. Outra inadequação é a ausência da preposição em antes do pronome relativo que: A gente se sente de alguma maneira EM alguns dias, em alguns momentos. Os versos adequados seriam Há dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

Qualquer música serve. Todas são escritas em Língua Portuguesa; todas têm substantivos (abstratos ou concretos), adjetivos (restritivos ou explicativos), pronomes, verbos, orações subordinadas e coordenadas. Todas têm adequações gramaticais; algumas têm inadequações. O cuidado que temos de tomar é não usar apenas músicas com inadequações, para não nos transformarmos em professores chatos de português que só se preocupam com erros alheios.

Pode-se trabalhar também com poesias, para não ficar restrito à música:

Vinícius (Soneto de Fidelidade), explicando o uso do pronome mesmo e a inadequação de posto que como locução causal, pois essa expressão indica concessão, tendo o mesmo valor de apesar de que.

Augusto dos Anjos (Vês, ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera), explicando o adequado uso do verbo assistir: quem assiste, assiste a algo, por isso a poesia está adequada.

Cecília Meireles (Eu canto, porque o instante existe), explicando os usos do porquê.

Qualquer poesia também serve. Qualquer notícia de jornal; qualquer artigo de revista. Podemos transformar tudo em assunto para nossas aulas de Português. O segredo é ser curioso, é ter vontade, é trocar informações com outros professores e com os alunos também. É bastante interessante levar uma aparelhagem de som para a sala de aula e apresentar músicas despretensiosamente (música erudita, por exemplo). Aos poucos, os alunos começarão a levar seus discos também. É aí que entra a sensibilidade do professor. Aí é o momento de ouvir a música que o aluno levou com atenção e usá-la como instrumento na aula, chamando a atenção para algum aspecto interessante, para alguma inadequação, etc.

 Para isso tudo, há de haver vontade, pois é trabalhoso. Deve-se tomar o cuidado de não usar a música como o elemento mais importante da aula todos os dias, porque, assim, a novidade desaparece, e a música acaba sendo o aborrecimento dos alunos, em vez de se transformar na parte mais interessante.Enfim, não existe um projeto para usar a música em sala de aula. O que deve existir é um professor Educador, que se preocupe com o desenvolvimento de seus alunos e de si próprio.


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Músicas com o nome Ana

Quer homenagear alguma Ana? Ana

Seja Ana Maria, Ana Luísa, Ana Carolina, Ana Clara ou só Ana mesmo, há várias músicas dedicadas a moças em esse nome de origem hebraica que significa “cheia de graça”:

* O Teatro Mágico – Ana e o mar

* Roberto Carlos – Ana

* Asa de Águia – Ana

* Netinho – Ana

* Ana Cañas – A Ana

* Malu Magalhães – Ô, Ana

* Los Hermanos – Anna Júlia

* Armandinho – Analua

* Boca Livre – Clara e Ana

* Santanna o Cantador – Ana Maria

* Luiz Gonzaga – Ana Rosa

* Tião Carreiro e Pardinho – Ana Rosa

* Tom Jobim – Ana Luiza

* Engenheiros do Havaí – Refrão de bolero (nome: Ana, no refrão)

* Garotos Perdidos – Ela conversa com objetos (nome: Ana Paula)

* Palavra Cantada – Ana Maria (música infantil)

* Silverchair – Ana’s song

* Marvin Gaye – Anna’s song

* Counting Crows – Anna begins

* Beatles – Ana



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4 frases de artistas de hip hop para te inspirar a trabalhar com o que você ama

4 frases de artistas de hip hop para te inspirar a trabalhar com o que você ama - Jay Z, Nicki Minaj, Beyoncé, Kanye West

O mundo do hip hop está repleto de artistas que são exemplos de superação, sucesso e paixão pelo que fazem. A maior parte deles possui um passado de história difícil, dificuldades financeiras, sofrimento e opressão pelo racismo, machismo e preconceitos; mas com a paixão pela música e muito esforço e talento, conseguiram chegar ao topo do mundo, e hoje são bem sucedidos homens e mulheres de negócios também.

Confira frases já ditas em entrevistas pelos 4 artistas mais relevantes que demonstram por que é tão importante apostar no que se ama e levar seus propósitos a sério:

– Sobre compartilhar suas paixões com o mundo

Eu penso que é dever de todo ser humano inspirar os outros, alimentar os sentidos dos outros. Inspiração gera inspiração vezes infinito. Imagine se a pessoa que se inspirou a criar o fonógrafo não compartilhasse isso com o mundo.” (Jay-Z)

– Sobre entregar o máximo de qualidade em cada mínimo detalhe

“(O processo de criação) É sempre tão pessoal para mim. Estou sempre pensando: como posso me pressionar dessa vez? Como posso conseguir uma reação com esse verso particular? Como posso dizer esse verso de forma super rápida e mesmo assim conseguir que todo mundo entenda as palavras que estou dizendo?” (Nicki Minaj)

– Sobre respeitar as suas paixões e convicções

Meu foco é minha arte, e é isso que eu amo fazer. Tenho que estar realmente apaixonada para conseguir fazer alguma coisa. Eu já recusei várias coisas nas quais eu simplesmente não acreditava.” (Beyoncé)

 

– Sobre apreciar o processo, e não só os resultados

A fruição é o maior prêmio e/ou a maior recompensa de um artista.” (Kanye West)


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Quer ver seu artigo publicado no Need a Song?

Para você que gosta de escrever e gosta de música: já escreveu ou gostaria de escrever algo sobre a relação entre alguma música e algum assunto interessante?

Alguma vez alguma letra de música já te despertou a atenção por ter algo a ver com uma questão histórica, ou sentimental, ou relacionada a alguma ciência ou algum fato?

O que você já aprendeu ouvindo música?

Envie seu texto para needasongbrasil@gmail.com. Ele pode ser publicado aqui no nosso site.  🙂



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Vocalista da banda Years & Years fala sobre o uso de pronomes como indicativo de orientação sexual

O cantor Olly Alexander, vocalista do Years & Years, expressou sua opinião sobre artistas gays que não usam pronomes masculinos em suas letras. Para ele, é “triste” que ainda exista um impedimento nesse sentido. Durante uma entrevista ao DigitalSpy, Alexander disse que ainda há um caminho a ser percorrido quando se fala de artistas gays na indústria da música. “Foi importante para mim usar pronomes masculinos em algumas músicas, como ‘Real’ e ‘Memo’. É triste ver que não temos muitos artistas pops gays compondo músicas sobre homens, mas acredito que isso possa mudar”, disse. “Há muitos motivos para um artistas ser bem sucedido e acho que o que as pessoas amam em Sam Smith é que ele pareceu vir de um lugar autêntico”, continuou. “Mas acho que ainda existe um caminho a ser percorrido. Gostaria de ouvir um artista homossexual expressar sua sexualidade de forma mais aberta”.

Fonte: Mixme



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O discurso feminista nos estilos rock, MPB e funk

Fragmentos do artigo O discurso feminista nos estilos rock, MPB e funk, de Rosana Monti Henkin e Marlon Leal Rodrigues, publicado na web revista Página de Debate: linguística e linguagem; edição n. 23; 2014.

Artigo completo:  http://www.linguisticaelinguagem.cepad.net.br/atual/Arquivos/henkin.pdf

Discurso feminista no estilo Rock

A artista de rock Rita Lee, autora da canção
A artista de rock Rita Lee, autora da canção “Cor de rosa choque”

Neste estilo, observa-se que o discurso feminista aparece de forma irreverente em diferentes sentidos, afirmando a força das mulheres, declarando a flexibilidade, a capacidade de resistência das mulheres, denunciando a necessidade de dissimulação que a ideologia machista impõe.

(1) Nas duas faces de Eva / A bela e a fera / Um certo sorriso / De quem nada quer…

(2) Sexo frágil / Não foge à luta / (3) E nem só de cama / Vive a mulher…

(3) Por isso não provoque / É Cor de Rosa Choque

(4) Mulher é bicho esquisito / Todo o mês sangra

(5) Gata borralheira / Você é princesa / Dondoca é uma espécie / Em extinção…

Flexibilidade – No enunciado (1)  o discurso identifica flexibilidade que as mulheres sempre precisaram exercitar para sobreviver à limitação que a sociedade machista impõe, oferecendo apenas duas opções, as quais não consideram toda a diversidade das mulheres enquanto seres humanos. As mulheres precisam se equilibrar entre essas opções.

A bela não significa apenas beleza plástica, mas a mulher comportada, que cumpre a função de gênero, a mulher que aceita o molde definido pela sociedade sem questionar, a mulher que cumpre a função social da reprodução do sistema no âmbito privado.

A fera representa aquela mulher que é feia perante os olhares machistas. É a mulher que não seria boa esposa, pois foge dos padrões comportamentais das mulheres, não aceita a dominação machista, não aceita viver em função das regras e das necessidades dos homens.

Ao mesmo tempo, o exercício de ser bela ou fera muitas vezes exige uma certa dissimulação, um indício de que está tudo como deveria ser, uma aparência de resignação frente à essa situação que não deve ser questionada.

Força – O enunciado (2) demonstra mais uma desconstrução das idéias machistas. O sexo feminino é considerado frágil para justificar a dominação e a exploração masculina, porém a maioria das mulheres cumpre uma tripla jornada de trabalho, dividida entre a produção e a reprodução da força de trabalho. Além das funções domésticas, as mulheres precisam tratar da sua sobrevivência, da sua realização profissional, e conciliar tudo isso com as necessidades da família.

Ruptura com o Patriarcado – O enunciado (3) revela a magnitude do feminismo enquanto movimento de resistência das mulheres. Culturalmente cor de rosa é a cor das mulheres, que significa a beleza, do romantismo, do amor terno e carinhoso, porém potencializado ao rosa choque simboliza respeito, dignidade, devoção, piedade, sinceridade, sensualidade, transformação.

A indignação das mulheres frente à dominação machista provocou uma transformação nas relações. Esse discurso declara que nem todas as mulheres são suaves, que a delicadeza depende da qualidade dos relacionamentos e que as mulheres reagem diante da opressão masculina exigindo respeito.

O enunciado (4) apresenta uma face que por milênios ficou escondida, um tema que rompe com o discurso machista da negação da sexualidade das mulheres. Uma das formas da dominação machista se dá por meio do controle da sexualidade das mulheres. O sexo das mulheres foi feito para a reprodução, e deve ser escondido, pois seu corpo pertence ao seu homem(marido, pai, provedor, protetor). Declarando que as mulheres menstruam, a sexualidade das mulheres deixa de ser um assunto privado. As mulheres passam a ser sujeitas de direitos sexuais.

Autonomia das Mulheres – No enunciado (5) vem à tona a exploração de classes que reforça a exploração machista. Mulheres burguesas exploram mulheres das classes pobres. Porém as políticas públicas implantadas nos últimos 30 anos incentivam a criação de mecanismos para a autonomia das mulheres, seja por meio e capacitação profissional, seja pela colocação no mercado de trabalho. Além disso, existe a proposta de economistas feministas que apresentam a economia solidária como alternativa para a superação da exploração capitalista.

O Discurso Feminista no Estilo MPB

No estilo MPB o discurso feminista revela-se afirmando o quanto as máximas que sustentam a ideologia machista são nocivas às mulheres.

(6) Não me venha falar / Na malícia de toda mulher / Cada um sabe a dor / E a delícia / De ser que é…

(7) Não me olhe / Como se a polícia / Andasse atrás de mim

(8) Você sabe explicar / Você sabe / Entender tudo bem / Você está / Você é / Você faz / Você quer / Você tem…

(9) Você diz a verdade / A verdade é o seu dom / De iludir / Como pode querer / Que a mulher / Vá viver sem mentir..

A Opressão das Mulheres – O enunciado (6) traz o discurso das artimanhas que supostamente as mulheres lançam mão para conseguir o que querem. Durante muito tempo as mulheres precisaram dissimular seus sentimentos e pensamentos para serem aceitas, por mais doloroso que fosse esse processo, uma vez que nas relações patriarcais a função das mulheres é servir aos homens.

O (7) traz o discurso da reprovação das manifestações femininas. Quando as mulheres rompem com as regras abandonando a obediência e a submissão, colocando-se como sujeitas de direitos, subvertem a ordem vigente e historicamente foram penalizadas por isso. São exemplos o episódio da caça às bruxas, na Idade Média, ou da condenação à morte de Olympe de Gouges, líder da Revolução Francesa, ao escrever a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”.

O sentido de (8) é que a crença na superioridade masculina impediu o protagonismo das mulheres, pois historicamente os homens ocuparam os espaços do saber científico, da política, da economia, ficando a mulheres sempre em segundo plano. Enquanto chefes e provedores da família, os homens tomavam as decisões, apoiados na suposta predisposição dos homens para a razão e das mulheres para a emoção. As conquistas do movimento feminista promoveram uma transformação na correlação de forças, modificando leis e abrindo espaço para a autonomia das mulheres.

No (9) o discurso feminista aparece questionando a autoridade masculina em definir o que é verdadeiro ou falso, o que mentira e verdade. Como os homens estão sempre com a razão, as declarações das mulheres são necessariamente mentirosas. O enunciador assume uma posição discursiva na medida em que deixa claro quem fala a verdade e quem mente. Por outro lado, percebe-se a crítica dessa mesma posição, colocando como ilusão a afirmação de que os homens sabem mais que as mulheres e por isso são donos da verdade e por isso exercem a sua autoridade.

O discurso Feminista no Estilo Funk

A artista de funk Tati Quebra Barraco
A artista de funk Tati Quebra Barraco, autora da canção “Boladona”

No estilo Funk o discurso feminista é confirmado por meio da prática do protagonismo, seja em relação às conquistas amorosas, à posturas sociais, à sexualidade.

(10) Na madruga boladona, sentada na esquina./ Esperando tu passar / altas horas da matina

(11) Com o esquema todo armado, esperando tu chegar pra balançar o seu coreto / pra você de mim lembrar

(12) Sou cachorra sou gatinha não adianta se esquivar / vou soltar a minha fera eu boto o bicho pra pegar

Protagonismo Feminino – Em (10) o sentido é da mulher independente, que vivencia as conquistas do movimento feminista. É aquela que toma atitudes, que exerce a sua sexualidade livremente e se impõe diante da sociedade. Sua inquietação não fica em segredo, mas manifesta na hora que bem entende.

Em (11) o discurso é da mulher que toma iniciativa quando está interessada num homem. Não espera ser conquistada, nem usa subterfúgios para seduzir.

Em (12) aparece o discurso da mulher bem resolvida, com auto estima elevada, que sabe de suas qualidades e não precisa esconde-las. Realiza uma relação de igualdade com o homem. Afirma sua sensualidade e sua sexualidade livremente.

Considerações Finais

A partir das análises feitas, foi possível constatar que nos diferentes discursos contidos nos estilos musicais apresentados, o discurso feminista aparece como afirmação da igualdade entre homens e mulheres, como crítica ao pensamento machista e como confirmação de um novo posicionamento das mulheres em sua relações com os homens, com os espaços de produção e reprodução do sistema, com os espaços de poder.

Nos discursos musicais analisados aparecem as mulheres que exercem seus direitos e que rejeitam a dominação sexista, mostrando a sua força e o seu protagonismo. Caem as máscaras que historicamente justificaram a dominação masculina, declarando mulheres conscientes dos mecanismos de dominação aos quais sempre foram subjugadas e dos quais se libertam. São mulheres que exercem sua sexualidade enquanto direito, que não se colocam como a parte frágil da relação porque se reconhecem protagonistas da e na história.

O feminismo, como acontecimento, destaca mulheres que conquistaram seu lugar no mercado de trabalho, em que pese a dominação/exploração capitalista, que disputam, mesmo que não em condição de igualdade, os espaços de poder, destacando fatos discursivos que revelam uma nova chave histórica, rompendo com a concepção de naturalidade da desigualdade entre homens e mulheres.

Autoria: Rosana Monti Henkin e Marlon Leal Rodrigues


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